terça-feira, 5 de outubro de 2010

Jornalista enquanto bode espiatório de um problema social crônico - A ALIENAÇÃO

Dando uma olhada nas novidades do site do IPEA hoje, acabei me deparando com a seguinte postagem:

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=2869:o-ipea-responde-a-sociedade&catid=4:presidencia&Itemid=2

Em primeiro lugar, preciso respirar e me acalmar, pois este tipo de coisa mexe comigo de uma tal forma, incontrolével.

(respirando... contando até 10...)

Eu fico ainda mais nervosa, pois tive a oportunidade de ver com meus próprios olhos a falta de escrúpulos de jornalistas distorcendo, sem o menor pudor, trabalhos primorosos de colegas do IPEA.

(respirando... contando até 100)

Eu sei que alguém "tem que fazer o trabalho sujo". Não duvido nada se o jornalista que elaborou o questionário não tiver o MENOR conhecimento sobre a realidade sócio-econômica do país, e se ele só está fazendo aquilo que ele é pago para fazer.

Isso só vem a reforçar minha idéia de que há algo de MUITO errado na formação superior brasileira. Na minha opinião deveria haver, obrigatoriamente, algumas matérias básicas em todos os cursos superiores, sobretudo, matérias que abordem a realidade sócio-econômica do nosso país.

Pois, um advogado tem que entender que antes de ser um advogado, ele é um brasileiro advogado. Um médico tem que entender que antes de ser médico, ele é um brasileiro médico. (Isso sem falar que um economista tem que entender que antes de ser um economista, ele é um BRASILEIRO economista). Um jornalista........... enfim, vocês entenderam.

Há pessoas que se esquecem que o país não se resume àqueles 100km² do seu círculo de convivência. Que há pessoas no interior do nordeste, que são tão cidadãos do país, quanto qualquer estudante de medicina que teve a oportunidade do papai bancar seus estudos. E, como tal, merecem também ter oportunidades que, se os pais não podem dar, a sociedade DEVE dar.

Um profissional deve ter consciência (se ele resolve aplicá-la ou não, vai do caráter de cada um) de que há MUITA miséria e desigualdade neste país, e que como privilegiado que é, por poder ter estudado e adquirido uma profissão, algumas delas extremamentes importantes e escassas, deveria dar sua contribuição para fazer deste, um país, um povo.

Ser brasileiro não é só falar de Brasil e de futuro quando estamos falando de eleições. Ser brasileiro é praticar, cotidianamente, o auxílio ao próximo, em relação ao conterrâneo mais necessitado. Antes de apoiar ou cobrar esse ou aquele candidato... você tem moral para falar? O que você faz de benéfico para a sociedade? Deixa de jogar lixo no chão? Bom, se você fizer isso, pelo menos, já está bom, mas tenha consciência de que só isso não é suficiente.

Portanto, antes de sair atacando determinado candidato, ou a gestão pública de modo geral, saiba se você está fazendo sua parte enquanto cidadão, se você tem conhecimento profundo da realidade do seu país. Se não tiver, pelo bem dos meus ouvidos (e olhos), não se manifeste. Como diria o sábio, melhor ficar quieto do que falar besteira (sobretudo perante um especialista - OK, eu não sou especialista, mas depois de alguns anos estudando economia brasileira e desenvolvimento econômico com afinco e dedicação, em comparação com outras pessoas que não tem a menor noção sobre o tema, acho que dispensa a justificativa do título, certo?).

Sim, essa é uma resposta implícita aos milhares de spammers que tenho recebido fazendo propaganda política por parte de pessoas que NUNCA dedicaram mais do que meia hora de suas vidas estudando e discutindo os problemas concretos do país. Academia ou balada é mais legal.

Ufa! Desabafei. Valeu por um grito sufocado há algumas semanas na garganta!

PS: Me desculpem a classe jornalística, que serviu de bode espiatório para eu poder abordar um problema crônico da sociedade brasileira, inerente à diversas profissões, inclusive - e sobretudo - à minha.

2 comentários:

Rafael Moraes disse...

Eu havia lido este questionário há alguns dias e achei nojento, principalmente pelo alto grau de desinformação do questionador.
Muito bom o seu post.

Samira disse...

De fato, nojento é um bom adjetivo!